...tudo é tão simples, pouco, fácil, solucionável perante a morte. As frustrações do trabalho, os problemas de compreensão linguístico-cultural com os nativos do país, o síndrome pré-menstrual, os dias não e os dias sim, os atrasos nos vôos, a falta de civismo, o céu cinzento, a teimosia própria e a do companheiro, a dor de ouvidos, a chatice das reuniões, os erros, as faltas, as maldades e a as bondades...tudo é tão pouco perante a morte.
Depois de se ficar a saber que aquela pessoa, que tão bem conhecemos, que agora mesmo vizualizamos perfeitamente, simpática, correcta, competentíssima,daqui a uns meses já não será, como é possível? Como é possível com tanto filho da puta, logo ela? Como é possível agora ser e logo a seguir deixar de ser? Como é possível esquecer-me constantemente que somos insignificantes, que um dia, e não sabemos quando, deixaremos de ser?
A minha primeira reacção é de incapacidade de encaixe, querer que NÃO, que não é possível! Como sou arrogante... depois vem a inevitável aceitação da insustentável leveza do ser, seguida dum quase pânico, da vontade de fazer trinta mil análises...e afinal mais cedo ou mais tarde...
Por isso o melhor, é recordar-me que tudo é tão insignificante, tão simples, tão solucionável...até ao dia...