Deambulando por Macau II
Este meu deambular não se limitou a museus e espectáculos. No Sábado quis o destino que o meu caminho cruzásse o duma senhora norueguesa que regressava da Austrália. Tendo parado uns dias em Hong Kong decidiu dar um salto a Macau. Tinham-lhe falado muito do Venetian e perguntou-me se era longe. Eu ainda não tinha ido lá, sabia que devia ser a uns 15 min. de táxi. E como toda a gente me pergunta se ja o vi e digo sempre que não aproveitámos para ir juntas.
Bom, o Venetian. Nem sei bem como descrever aquilo. O Venetian é um mega-hotel, shopping center, mega-casino que fica na ilha da Taipa. Uma cópia de certas partes de Veneza com respectivos canais em ponto mais pequeno, tendo no seu centro um bloco imenso de vidro bronze e azul, de vários andares que devem ser os quartos do hotel.
Tudo aquilo é bling bling à americana. Veneza transformada num parque de diversões. Os "canais de Veneza" encontram-se cobertos por um céu eternamente azul onde esvoaçam algumas nuvens diáfanas numa luz de fim de tarde. O ar cheira a perfume e o rés-do-chão das casinhas "venezianas" são lojas e lojas de marcas de luxo predominantemente ocidentais. E completamente às moscas.
Nos canais, de água límpida e baixa vêem-se moedas atiradas pelos turistas e passam gondolieri que cantam O Sole mio e me perguntam em italiano se sou italiana, nope, Portogallo, grito-lhes, a única coisa italiana ali são eles ...e nem isso se calhar...
O andar do casino é um hino ao dourado, alcatifas e muito estuque dourado. Há imitações grotescas de frescos nos tectos e restaurantes de design impecável a toda a volta. O lobby do hotel imita um palazzo italiano, inclusive com duas grandes reproduções de imagens da Sereníssima.
Podia tentar ser politicamente correcta. Mas se vos disser o que senti, aquilo não é feio mas é triste. É grotescamente triste. Uma país com 5000 anos de história, para quê aquilo. E depois Veneza ,a bela e autêntica Veneza cheira a maresia nos dias sim e a podre nos dias não, o ar é húmido, os gondolieri não cantam e olham-nos com enfado, os palazzo têm a pintura decadente. Veneza é decadente, deliciosamente decadente. Ver uma tentativa de Veneza asséptica deu-me quase vontade de chorar. As coisas sem alma são assustadoras.
Conclusão: o Venetian ficou visto, até nunca mais.
Apanhámos um táxi e levei a senhora norueguesa a visitar o Leal Senado, as ruelas que levam às ruinas de São Paulo, a rua da Felicidade. Disse-me que adorou e que sou uma excelente guia. É que eu de facto gosto muito daquela zona e quando se gosta... A Paula, assim se chamava, apanhou o ferry de volta para Hong Kong e eu voltei ao hotel. É tão bom quando os nossos caminhos cruzam os de alguém, quando se descobrem afinidades. Foi bom ter companhia divertida e interessante durante várias horas...aqui por Macau a hospitalidade de quem oficialmente me recebe têm andado tímida, digamos assim...
Bom, o Venetian. Nem sei bem como descrever aquilo. O Venetian é um mega-hotel, shopping center, mega-casino que fica na ilha da Taipa. Uma cópia de certas partes de Veneza com respectivos canais em ponto mais pequeno, tendo no seu centro um bloco imenso de vidro bronze e azul, de vários andares que devem ser os quartos do hotel.
Tudo aquilo é bling bling à americana. Veneza transformada num parque de diversões. Os "canais de Veneza" encontram-se cobertos por um céu eternamente azul onde esvoaçam algumas nuvens diáfanas numa luz de fim de tarde. O ar cheira a perfume e o rés-do-chão das casinhas "venezianas" são lojas e lojas de marcas de luxo predominantemente ocidentais. E completamente às moscas.
Nos canais, de água límpida e baixa vêem-se moedas atiradas pelos turistas e passam gondolieri que cantam O Sole mio e me perguntam em italiano se sou italiana, nope, Portogallo, grito-lhes, a única coisa italiana ali são eles ...e nem isso se calhar...
O andar do casino é um hino ao dourado, alcatifas e muito estuque dourado. Há imitações grotescas de frescos nos tectos e restaurantes de design impecável a toda a volta. O lobby do hotel imita um palazzo italiano, inclusive com duas grandes reproduções de imagens da Sereníssima.
Podia tentar ser politicamente correcta. Mas se vos disser o que senti, aquilo não é feio mas é triste. É grotescamente triste. Uma país com 5000 anos de história, para quê aquilo. E depois Veneza ,a bela e autêntica Veneza cheira a maresia nos dias sim e a podre nos dias não, o ar é húmido, os gondolieri não cantam e olham-nos com enfado, os palazzo têm a pintura decadente. Veneza é decadente, deliciosamente decadente. Ver uma tentativa de Veneza asséptica deu-me quase vontade de chorar. As coisas sem alma são assustadoras.
Conclusão: o Venetian ficou visto, até nunca mais.
Apanhámos um táxi e levei a senhora norueguesa a visitar o Leal Senado, as ruelas que levam às ruinas de São Paulo, a rua da Felicidade. Disse-me que adorou e que sou uma excelente guia. É que eu de facto gosto muito daquela zona e quando se gosta... A Paula, assim se chamava, apanhou o ferry de volta para Hong Kong e eu voltei ao hotel. É tão bom quando os nossos caminhos cruzam os de alguém, quando se descobrem afinidades. Foi bom ter companhia divertida e interessante durante várias horas...aqui por Macau a hospitalidade de quem oficialmente me recebe têm andado tímida, digamos assim...
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