O outro lado do sítio de onde se olha para trás e se ri
Há um sítio algures onde se olha para trás e se ri. Foi o que sempre pensou. Tantas vezes ouviu essa frase quando atingia o auge da agonia apaixonada. Amores da juventude era um insulto para aquele que parecia ser o seu último sopro de vida.
Mas havia um sítio, um lugar algures onde olharia para trás e se riria de tudo. Onde um senhor amável e meticuloso teria limpo os depojos das lágrimas e pensamentos infindáveis e compulsivos e onde brilhavam apenas as memórias dos melhores momentos.
Imaginava que fosse um sítio onde se chega depois duma valente dose de analgésicos. Onde se chega meia grogue e depois se olha para trás e com uma visão cósmica se tem um acesso de riso épico. Daqueles imparáveis e magnânimes que nem se sabe se são de alegria ou não. Mas que aliviam. Ou então imaginava-se intocável, diáfana de tanta sabedoria , dedicando um sorriso subtil ao olhar para trás.
Equilibrava-se agora numa aresta, com dificuldade. E tentava olhar para trás. Não se riu. Não sei bem se esboçou um sorriso, daqui é difícil ver. Os olhos humedeceram-se, quase com lágrimas. E foi então que sorriu. Um sorriso enternecido. Com saudade. Com distância. Sem remorsos nem arrependimentos. Virou-se para a frente, pegou na bagagem moveu um pé para avançar e disse: E agora?
4 Comments:
:)
Este teu post teve o condão de me trazer lágrimas nos olhos.
Não estou nesse lugar.
PS: Primeira visita. primeiro comentário.
Claudette,
:-) S
Elisa,
Obrigada pela primeira visita, espero que haja outras , Sofia
Inspirada, hein? Belo texto!
:))
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