quarta-feira, junho 28, 2006

Sawadeeka II

10 de Junho de 2006 (continuação...)

E já está, estamos cá fora.Cedo demais, o irmão do Sr.A ainda não chegou. Sim, ainda não expliquei que a razão de ser da nossa vinda é o casamento do irmão mais velho do Sr.A com uma tailandesa da comunidade chinesa, ele que é francês de pais chineses nascidos no Cambodja e exilados em França quando se instalou o regime de Pol Pot e da sua clique. Tudo isto é verdade, nem eu me lembraria de inventar tamanha confusão...
A pergunta agora é: o que fazer?
a)Esperamos pacientemente até ele chegar o que deve ser daqui a 1 hora ou;


b)Vamos à procura do guichet da Bangkok Airways para levantar os bilhetes para Siem Rep, Phnom Phen e Ko Samui que reservamos pela internet e só agora veremos se ficaram de facto reservados,ou;
c) pegamos num táxi e vamos dormir para o hotel.
A resposta vencedora é a b), o Sr. A impõe-me razoabilidade, eu estava a fazer claque pela c).
Neste entretanto já prescrutei todos aqueles rostos que me rodeiam. É fascinante chegar a qualquer sítio e ver os rostos, os olhares, as formas de vestir e de gesticular. Os outros estrangeiros já desapareceram todos adjudicados num leilão invisível aos inúmeros taxistas-navettes de hóteis-sabe-se lá o que mais.
Ficámos nós e todos os Thais que se reencontram com as famílias. Reparo que as reacções são contidas para os meus padrões que incluem pelo menos um abraço apertado, uma grande beijoca repenicada da minha mãe com olhos humedecidos, o que me leva a entrar sempre no parque de estacionamento da Portela um bocadinho surda. Aqui a alegria está bem patente no olhar e nos sorrisos abertos, mas há pouco contacto físico.
Os olhos são mais variados do que imaginava. A influência indiana deixa a sua marca a carvão nuns olhos que por vezes são pestanudos, escuros quase líquidos e bastante grandes. Não esperava. Mas também os há mais achinesados, com umas bocas muito bem desenhadas. Os corpos são, regra geral mais baixos e estreitos, mas não posso generalizar. As roupas vão do ultra trendy ao jeito japonês, ao kitsch desconcertante com grande profusão de rosas e "liláses" e lacinhos colegiais no cabelo das meninas. Tento não olhar fixamente, afinal é indelicado, mas custa-me resistir, são muitos estímulos ao mesmo tempo.
Com os bilhetes da Bangkok Airways na mão o Sr. A olha-me sarcasticamente. "Então, não dizes nada...?". Faço-me desentendida, mas não consigo aguentar muito tempo e desato a rir. "Está bem , tinhas razão, para a próxima mordo a língua". Afinal a Bangkok Airways, autodenominada "Boutique Company", tinha as reservas e recebeu o prémio da melhor companhia do sudeste asiático em 2005. O que me deixa de bico calado depois de ter sobressaltado de susto perante o computador quando, meses antes, o Sr. A tinha sugerido que voássemos na região com esta companhia. Perguntei-lhe logo se era fiável, se íamos ficar em terra, se os aviões iam cair,etc... Não falhei uma pérolazinha.
É verdade que ainda não voámos, mas os bilhetes foram encontrados electronicamente por duas Thais impecavelmente vestidas e maquilhadas, ou será que deveria dizer rebocadas?! Começo a reparar que as Thais têm uma predilecção por maquilhagem , nomeadamente por base clara, mais clara que a pele delas.Uhmmmm...
Estamos no carro da noiva que nos veio buscar com C. ao aeroporto. Depois de termos passado pelo Parque de estacionamento asfixiante e fétido, entramos num rodopio de estradas e viadutos um pouco ao estilo americano. Explicam-nos que estamos em Bangkok e não fora da cidade. À nossa volta vemos a fachada moderna do aeroporto e depois vários edifícios de escritórios também ultra modernos. A luz é clara e o Sol vai alto apesar de serem só 8h30 da manhã. Andamos vários quilómetros sempre ladeados de modernidade. Desconfio que nos aproximamos do centro à medida que os edifícios vão aumentando de altura. Para chegar mais rapidamente ao centro evitando os engarrafamentos que começaram há já 2 horas, J. opta por uma mini autoestrada com portagem. Aceleramos e percorremos o caminho paralelamente à estrada normal só que num plano superior o que nos aproxima dos 8º e 10º andares de prédios e prédios de escritórios, de hoteis e de apartamentos.
Em baixo os carros não se movem. No meio da confusão há tuc-tucs, motas com 3 e 4 pessoas e camionetas com a traseira apinhada de gente. Aqui e ali vislumbro ao longe o topo de um Pagode dourado.
Muito aqui e muito ali somos atacados pela visão apocalíptica do Rei já mencionado. Sua Alteza aparece metro sim , metro sim, em fotografias gigantescas na entrada de empresas, hoteis, sempre abrilhantado por molduras douradas que rivalizam no estilo rocócó.
Ao lado de cada porta há sempre uma casinha de espíritos. Estas casinhas acolhem os espíritos que velam pelos habitantes de cada edifício e afastam os espíritos maus.
Assim, encontramo-las em frente a prédios de habitação mas também na porta de grandes bancos, consultoras, seguradoras, hospitais, etc... Em cima de um pilar de 1 metro encontra-se uma plataforma com uma miniatura de casinha Thai. As que vemos são de cimento, mas dizem-nos que as tradicionais são em teka. Os telhadinhos são dourados.Fora e dentro das casinhas há uma profusão de figurinhas. Têm velas acesas, incenso e colares de flores de jasmim. Também vimos algumas com pratos à entrada com alguma fruta ou bolinhos ou as duas coisas. No meio daquela confusão de carros, arranha-céus e viadutos as casinhas são um bálsamo de côr e imaginação.
Já nos encontramos outravez no rez do chão das estradas. Por cima das nossas cabeças continua o viaduto que já se cruza com outro e mais à frente com outro ainda. Estamos quase a chegar a Silom Road, rua central onde se encontra o nosso hotel. Vejo agora pela primeira vez com clareza o rosa bombom ou amarelo com chamas laranja dos tuc-tucs, espécie de reboques com tejadilho puxados por motoretas. Passamos por várias lojas de roupa onde se lê " Armani" e se propõem fatos completos no espaço de um dia. À porta a olhar para o bulício ou na conversa vejo sobretudo indianos, não sei se é coincidência. "Sim", responde J., estamos no bairro do templo hindu e mal ela termina esta frase surge à nossa direita um monumento à côr.
Dentro de um recinto fechado por um muro de 2 metros vêmos os cimos do templo quais merengues cravejados de mil Vishnas e outros deuses. Sobressai o azul céu, mas o rosa, o vermelho, o amarelo, o laranja e o verde disputam também o seu lugar ao Sol. Uau!
À esquerda, inesperadamente, duas ruas seguidas de bancas com frutas, legumes e comidas variadas.

Nada para turista ver, recomendam-nos imediatamente o mais recente centro comercial aberto em Bangkok, o Siam Paragon. Mas eu fico com o sentido naquelas ruelazinhas.Porta sim, porta não restaurantes de design impecável partilham o passeio com baiúcas de fritos e outras iguarias literalmente inimagináveis que ocupam menos de 2 metros quadrados.
Chegamos ao hotel. É lindo!!! Eu sou assim, preciso de um porto de paz e tranquilidade para descansar e se for lindo melhor. Sawadeekaaaaaa, dizem-nos à porta, sawadeekaaaa dizem-nos com um sorriso na recepção. Quem escolhemos? Uhmmm a indiana, a chinesa ou a thai. A indiana avança, entenda-se thai-indiana. Como é ainda cedo o quarto não está pronto e é um twin bed. Ficamos com cara de cachorrinhos escorraçados e apresentamos o joker: o cartão de fidelidade daquela cadeia de hotéis que NUNCA utilizámos. Duas telefonadelas e temos quarto melhor, com cama de casal e direito a pequeno-almoço VIP. Ficamos com cara de cachorrinhos espantados e depois muito contentes.
Depois das despedidas e mais que devidos agradecimentos a J. e C. que nos trouxeram até aqui, dizemos até logo, ao jantar.
Estamos no elevador a caminho 39º andar. Partilhamo-lo com um europeu gordo, feio e seboso acompanhado por uma thai, a quem não dou mais de 13 anos. Que nojo!!! Estou em Bangkok há 3 horas e a realidade confirma-se. Homens ocidentais, frustrados, medrosos e mais ou menos endinheirados aproveitam-se da pobreza de rapariguinhas ou rapazinhos thais em público e ousam ainda arvorar um sorriso pepsodente. Fazem o que aqui nunca ousariam. Grandes merdas! O governo thai diz que combate, mas aqui estamos nós, só não vê quem usar uma venda e ainda assim não sei.
Chegamos ao quarto com a promessa de dormir só 1 horita para recuperar.ZZZZZZZZZZZZZ
(To be continued...).

5 Comments:

Blogger Pitucha said...

Isto é que é um verdadeiro diário de bordo! E só agora chegaram ao hotel!
Até ao próximo capítulo.
Beijos

quinta-feira, junho 29, 2006 1:45:00 da tarde  
Blogger Sofia C. said...

Olá Pitucha,

Pois é. Isto está a começar a ganhar vida própria. Vamos lá a ver até onde chega a inspiração...Beijos,S

quinta-feira, junho 29, 2006 4:34:00 da tarde  
Blogger Raimundo Narciso said...

Que Belíssimo diário Sofia e que locais de encanto!

sexta-feira, julho 07, 2006 2:00:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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