9 de Maio
Dia 9 de Maio assinala o dia da Europa e de Robert Schuman por ser este considerado um dos pais da Europa. Para quem trabalha nas instituições europeias este dia é também feriado. Com humor apelidamos este dia "Saint-Schuman" pelo facto de ser feriado.
Estando eu em casa a gozar do descanso próprio a este dia, lembrei-me da origem do meu percurso comunitário. Porque me tornei eu numa "Europeísta, malgré tout, convicta? A resposta encontrei-a logo. Não começou por ser uma questão de princípio, nem tão pouco ideológica.
Começou por ser uma forma de estar, muito natural e sem teorias. Começou exactamente no ano lectivo 92/93 durante o Erasmus em Montpellier. A opção de fazer o Erasmus era óbvia desde o primeiro ano de faculdade. Queria conhecer mundo, queria voar, Coimbra só já não chegava, nem Lisboa sequer. Queria aventura, queria por-me à prova. Queria escapar ao raio de acção da consciência parental. Sim, esta terá sido uma das principais razões.
Chegada ao terceiro ano, Montpellier lá fui eu. E assim como eu fui, foram uma série de italianos, espanhóis, holandeses, alemães, ingleses e provavelmente outros de que já não me lembro. A bolsa foi de nove meses. Nove meses de gestação de uma realidade que desde então nunca mais deixou de me acompanhar nem de me fascinar: os europeus, me and my other me.
Aprendemos a conhecer-nos, passámos de curiosidades exóticas a pessoas simplesmente com nome, gostos, qualidades e defeitos. Aprendemos a coabitar, a integrar a França com dificuldades semelhantes, com um prazer tantas vezes partilhado.
Trocámos saudades,palavras,línguas, receitas, amores, desamores, festas, cumplicidades, músicas e amizades. E no fim, já ninguém tinha uma nacionalidade: eu era eu, e cada um tinha um nome e já não era só o grupo que nos definia.
Depois disto a Constituição, Schengen os Tratados são pormenores. O essencial estava feito, estava lá. Está no estômago, no fígado e no coração. Nunca mais desapareceu.E ainda bem:-)
6 Comments:
Curiosamente eu sou federalista por razões opostas: Creio que uma Europa Unida deve ser um instrumento de facilitação das nacionalidades. Ao integrarmo-nos economicamente, e ao abdicarmos de certos aspectos (como defesa) para um corpo federal, cada nação da Europa terá mais recursos para ser independente, para mandar em si mesma. Através de uma Europa Unida, deixará de haver Portugueses, nem Espanhois, nem Alemães. Teremos Lisboetas, Catalães, Prussianos. Unidos na Diversidade, em paz, a comerciar, a divertir-nos, a dedicar-nos a ser super mega maravilhosos :D
Tão colorido :D
Olá Irreligious. Compreendo o que queres dizer.E acho que não é tão diferente daquilo que eu penso. Esse é também o meu objectivo. Mas na minha experiência pessoal, no início não houve teorias. Houve um encontro de pessoas.Conhecermo-nos forma uma identidade.A minha enquanto portuguesa está mais que formada. Não me questiono sequer, o mesmo não se pode dizer de outras identidades, a belga por exemplo. Mas sentir o espaço europeu na primeira pessoa, convivendo com várias nacionalidades concretiza a ideia de Europa. Hoje quando conheço alguém não sou a portuguesa que conhece o ou a fulana belga,francesaetc... somos pessoas que têm nacionalidades diferentes.Conhecemo-nos com as nossas diferenças e semelhenças. Mais que não seja, torna-se muito dificil odiar alguém,um país quando este tem um rosto e é afável.Sofia
Sofia
Bonito post, a deixar-nos cheios de esperanças para o futuro da UE.
Beijos
Olá Pitucha,
Tem de ser:-)
Beijos,S
ola querida, que giro,estudaste aqui ha alguns anos! Sou a Jessica e moro em Montpellier, estudo aqui ha anos e nao em Erasmus. Gostaste de ca estar? Beijao grande! santé
Olá Elite,
Vives em Montpellier? Que sorte!! Como digo no post estive aí 9 meses no ano lectivo 92/93. Já foi há tanto tempo. E nunca mais voltei apesar de ter gostado muitíssimo. Fiquei com a sensação de que é uma cidade muito agardável para viver.Um dia tenho de voltar. Será que mudou muito? Beijos,Sofia:-)
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