Conto,meu
Um dia, 28 anos depois de ter começado, sentei-me e olhei para dentro. A medo, às apalpadelas espreitei por detrás do último segundo.
Vi passar caras, corpos, mãos e braços. Vi passar risos, palavras , choros e gritos. Passaram estradas, portas, paredes e alcatifas. Passaram quintais, quartos, cães e gatos. Passaram olhares, força, dor e medo.Passaram armas, ausência, grades e botifarras. Passaram lágrimas, silêncio surdo e cólera amordaçada. Passaram janelas, pratos e beiras do mar. Passaram vagas e tubarões. Passaram carinhos, cócegas e beijos. Passaram comboios, carros e aviões. Passaram conhecidos, desconhecidos e cordões umbilicais. Passaram panos, roupa, cheiros e sabores. Passou um vão de escada esconso e cheguei a um plano escuro. Sentada, agarrada aos joelhos, de cara escondida nos cabelos escuros vi-a pela primeira vez. Depois de tanto tempo, a única que poderei, um dia, pensar conhecer. Foi então, que aconteceu. Olhei-a nos olhos durante uma ínfima fracção de milésimo de segundo. Não percebi tudo. Mas varri os deuses dos altares e os sábios dos pedestais. Jurei-lhe amor eterno e fidelidade, pura, a única.
2 Comments:
Bonito texto Sofia!
Bom fim-de-semana
Obrigada Pitucha. Bom fim-de-semana também:-) Aqui no cantinho do meu computador tenho um calendário com o tempo que me diz que vamos ter Sol. Esperemos que sim.Beijos,S
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