Navegação à vista I
Circulando pela faixa da direita A8 acima, ou seja em direcção a Leiria, dou por mim pensando que certos portugueses me fazem lembrar matilhas de cães vadios. Todos querem provar que podem e mandam mais que todos os outros e para determinar a sua supremacia cheiram à exaustão o traseiro do vizinho da frente. Rosnam em cima do cangote do próximo e assim se impõem.
É isto mesmo que vejo aqui nesta faixa da direita em que circulo placidamente a 100-115 km/h (esta simples afirmação é da ordem do incompreensível para muitos). À minha esquerda passam vários automobilistas que se chegam a escassos centímetros do carro que têm à sua frente esperando que este se digne ceder-lhes passagem, a eles que assim provam ter uma grande pilinha, seguramente maior que a do caguinchinhas que puseram a mexer.
Mais à esquerda ainda os escassos centímetros são ainda mais comedidos e sucedem-se carrinhas BMW, Mercedes, Volvo, jeeps vários mas sempre colossais e uns quantos caganifés armados em carapaus de corrida. O espectáculo vale mais que mil filmes do Woody Allen pelo que revela da psicologia de boa parte dos meus queridos e queridas compatriotas. Acham todos que têm um pénis pequeno e por isso toca a mostrar que existe e que é bem grande. A minha pergunta é: que me importa isso a mim? E depois de morto de que lhes serve a eles e a elas?
O mais espantoso nem são as ultrapassagens mal feitas, sempre a escassos centímetros do carro da frente, o mais fantástico e intrigante é eu não estar sózinha nesta faixa da direita. Porque me parece que nada nos obriga a respeitar as mais elementares regras do código da estrada. Somos poucos mas bons os que lá vão conduzindo calmamente, sem outra preocupação que não seja a de chegar ao destino sãos e salvos dominando a máquina e a besta, sendo que a máquina é o carro e a besta o primitivo que há em nós.
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