sábado, agosto 12, 2006

Verão de 2006

Há locais que visito fatalmente quando venho cá. Óbidos,São Martinho do Porto, Foz do Arelho, Alcobaça, Batalha e claro Lisboa. Mais tarde ou mais cedo acabo por ir lá parar. Ver estes locais a intervalos de 3 ou 4 meses permite-me ver as diferenças. Um pouco como naqueles jogos "Descubra as 7 diferenças". Elas estão lá basta estar atenta.
Alcobaça e São Martinho demarcaram-se desta vez. Alcobaça foi durante anos e anos local de passagem. Quem parava visitava o mosteiro e seguia caminho. Apesar do refrão da música que dizia "quem passa por Alcobaça, não passa sem lá voltar", poucos viam a cidade duvido que muitos lá voltassem. Tirando eu, mas eu sou da região, não conta.
Entre o mosteiro e a cidade havia um corte. Isso mudou. Quem passa, passa ao largo. Quem quer visitar é encaminhado pelo centro da cidade até ao mosteiro que reatou relações com o mundo e se deixa agora ver na íntegra. Ufff, levou anos e penso que vária polémicas. Penso que está muito melhor assim.
São Martinho era um daqueles "case studies" do mau resultado da especulação imobiliária. A concha, nome da baía, tinha deixado de ser uma pérola, no máximo os vestígios da pérola vislumbravam-se apenas aqui e ali. O case study ainda lá está, só com demolições ele desapareceria. Que fique como lição da ganância dos construtores e dos edis que borrifam para planos urbanísticos. A verdade, é que alguém resolveu por termo à coisa. São Martinho recuperou e protegeu as dunas. Abriu espaços (onde foi possível) de comunicação do interior da vila com a praia. Criou um espaço de passeio para peões e ciclistas. Estruturou a praia, afastando os banhistas da zona do porto e está a despoluir o mar. Esse mar que eu conheci até aos 12-13 anos e que era uma delícia antes de se ter tornado numa pia de algas e outras pragas. Foi assim que descobrimos a Foz do Arelho e o Baleal, foi a única coisa que teve de bom.
Ontem voltavamos da nossa voltinha "dos tristes", que eu agora chamo dos felizardos, para o café à beira-mar quando nos deparámos com o horizonte marcado a feltro de fogo. Na linha do horizonte que avisto do meu quarto encontra-se a serra dos Candeeiros. Ardida há uns 25 anos, em dois Verões semelhantes a este, a Serra tinha passado a ser uma visão lunar, nua e esbranquiçada. Com os anos tinha recuperado um véu esverdeado e agora já começa a arvorar um manto de arvores. Ou melhor, começava. Porque voltou a arder. Já sabemos a quem interessa a madeira ardida, já sabemos a quem interessam os terrenos calcinados. Conhecemos os móbiles que se escondem por detrás do fogo posto. Aliás, eles existem em Espanha, em França, na Grécia. Sabemos tudo isto. Sabemos que é necessário reorganizar o acesso às florestas, inclusive reorganizar a sua composição e distribuição. Mas 25 anos depois volta a acontecer o mesmo. Não sei se este ano se apagaram os incêndios mais depressa. Não sei. Mas volto a ver a Serra a arder. Que raiva! Quando é que isto vai mudar?

2 Comments:

Blogger Raimundo Narciso said...

Vou tentar uma triangulação para descobrir a terra. Vê-se a Serra dos Candeeiros...
S. Martinho foi a minha praia de infância. Depois ainda lá fui aos 18 e vinte anos. Depois não voltei por isso uma das minhas ambições, ainda não concretizada, era lá ir este ano. O Baleal, a Areia Branca, a Foz do Arelho tenho vizitado de vez em quando. A Óbidos vou todos os anos jantar ou beber um copo. Do Vilar (do Cadaval), onde ainda temos a casa dos nmeus pais, com a auto-estrada é pulinho.
Que belos passeios!

quinta-feira, agosto 17, 2006 9:47:00 da tarde  
Blogger Sofia C. said...

Olá Raimundo Narciso,

Afinal conhece muito bem esta região. Os meus pais vivem perto de dois sítios com nomes fantásticos, chamam-se Imaginário e Formigal. Mas isso é agora, a cidade que nos trouxe para estas bandas fica a 3 km de lá e como dica deixo-lhe o 16 de Março de 74. ;-)Sofia

sexta-feira, agosto 18, 2006 12:27:00 da tarde  

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