sábado, setembro 16, 2006

Dio si è fermato a ... Vanuatu


O melhor seria dizer que John Frumm si è fermato a Vanuatu.

As ilhas são paradisíacas. O nosso Paraíso perdido. Numa pequena comunidade de 15 000 pessoas surgiu há coisa de 50 anos uma nova religião que se baseia essencialmente na fé no regresso de John Frumm que lhes trará a abundância e a felicidade.
John Frumm foi um americano que por lá passou nos anos 40 e que lhes falou da independência e do respeito pelos seus usos e costumes. Na altura o Vanuatu era uma colónia partilhada entre o Reino Unido e a França. Os Presbiterianos tentavam converter as populações ao Cristianismo e na onda queriam erradicar as suas religiões e costumes em geral. Quem se opunha era perseguido, preso, castigado.
Hoje, os seguidores de John Frumm veneram-no e esperam o seu regresso. Representam-no com estátuas de cara branca, cruzes vermelhas (símbolo da vitalidade), fotografias de iates e veleiros brancos (foi num grande barco branco que ele partiu) tudo isto sob a protecção da bandeira americana. A bandeira americana que, note-se, perdeu o seu valor institucional e representa agora apenas uma proteacção divina.
Olho e oiço o documetário que me conta isto tudo e não posso deixar de pensar que se calhar aquela é a origem de todas as religiões. Aquela comunidade vive crente naquela verdade. John Frumm entretanto já morreu, mais que não seja de velhice. Aquele John Frumm que esperam não voltará e se voltásse nunca seria o que esperavam.


No centro da ilha o Vulcão continua a pulsar e a ditar a presença dos espíritos dos antepassados. A morte ali ao lado. A morte sempre ao lado com John Frumm, Cristo, Alá e outros deuses para nos agarrarmos desesperadamente.
E o Vanuatu parece o Paraíso...Bom fim de semana!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Sopro Vital VI




Por vezes sinto-me envolvida numa nuvem de ruído, de acusações, de incompreensões. A nuvem cresce e eu diminuo perdida naquela nebulosa.
Consigo então encontrar o botão, o do volume escondido num compartimento esquecido. Começo a rodá-lo, um bocadinho de cada vez. Aos poucos a nuvem evapora-se, o ruído esbate-se. Surge, primeiro imperceptível, o rumor primitvo que me recorda onde estou. Lentamente, ocupa todo o silêncio e traz-me de volta o equilíbrio inicial. Eu oiço a minha respiração. Estou a fazer Yoga.

E eu que pensava que a minha casa era um porto seguro...

...de paz, calma e serenidade. Até me terem feito prisioneira.
Eu explico.
Quando qualquer serviço de manutenção precisa de passar por cá, por exemplo os técnicos do contador da água que tinham de passar hoje, ou o serviço de entregas da Pixemania, isso significa que é suposto estar alguém em casa o dia todo. Não sei qual é a taxa de donas de casa bruxelense. Suponho que seja elevada, pois quando lhes digo irritada ao telefone que eu trabalho e que que não vou gastar um dia das minhas férias à espera de suas excelências...eles não percebem. Respondem-me pela enésima vez: Mais on sait rien faire Madame, on passera entre 9h et 18h.
E depois ou passam e não estou cá o que dá azo a uma saga de conversas de surdos ao telefone ou... até estou em casa por coincidência e passo o dia encarcerada à espera que eles venham às 17h50, hesitante entre ir tomar o duche ou esperar primeiro que eles cheguem, não vá dar-se o azar deles passarem mesmo nessa altura.
É essa hoje a minha sorte.
Como se não fosse o suficiente, ainda me vem aqui uma alminha tocar à porta para me dizer que há quem tente conciliar a ciência e a religião...?!?!
Acho que hoje à noite vou ao Yoga.